A razão principal da dificuldade em encontrar e manter profissionais competentes
A maioria das empresas, gestores, e escritórios de Recursos Humanos fazem o mesmo comentário (com pequenas variações): “É muito difícil conseguir um profissional competente que seja fiel à empresa”.
Com certeza, essa afirmação não passa da mais simples realidade. O que todos falham em notar é que esse problema se deve à atual política de contratação vigente no Brasil que, embora sem base legal, se tornou a norma aceita pela indústria de tecnologia.
A maioria das empresas exige dezenas de especializações, experiência extensiva, frequêntemente inglês e algumas vezes até espanho fluentes. No entanto, as empresas se propõe a pagar o valor de alguém que tem somente uma ou duas das qualificações exigidas, e definem teto para salário. Demandam profissionais com cada vez mais qualificações mas se mantém sob a média salarial que não inclui essas demandas adicionais.
Exemplo de anúncio de emprego:
Analista Programador C Sharp especialista em SQL Server Senior (1 Vaga)
Atribuições: Análise e desenvolvimento de produtos de software.
Habilidades Técnicas: – Familiaridade com desenvolvimento em .NET (obrigatório).
– Excelente lógica de programação (obrigatório).
– Conhecimentos profundos de SQL Server 2008 ou superior (obrigatório).
– Conhecimentos básicos de Reporting Services e Analysis Services 2008 ou superior (obrigatório).
– Conhecimentos em bancos de dados data warehouse (DW)
– Conhecimentos em Business Intelligence
– Experiência com processo de ETL
– Larga experiência em SQL Server (mais de 5 anos)
– Experiência com .NET (Compact Framework, Windows Form’s, ASP.NET, Web Services) (desejável).
Formação Educacional: Superior completo ou em andamento na área de computação. Idiomas:
– Inglês para leitura (obrigatório).
– Inglês avançado (diferencial).
Considerando a média salarial de um Analista Programador, sabemos que varia entre 2.200 e 9.500, sendo que há várias modalidades de Analista, desde mainframes a Java. (fonte: http://info.abril.com.br/professional/salarios/)
Agora, qual é o salário que um profissional com todas as especializações adicionais deve receber? Fica difícil julgar, a não ser que seja feita uma análise do currículo versus as competências requeridas e competências adicionais.
No entanto, quando o teto já é pré-definido, tanto a empresa quanto o profissional perdem oportunidades de crescimento e realização.
Vale lembrar que o profissional também analisa a empresa antes de aceitar deslocar-se para a entreviste e aceitar uma oferta. A solidez e seriedade da empresa também influenciam muito, não só o salário.
Para qualquer posição, sendo efetiva (CLT) ou como prestador de serviços (PJ), os benefícios também contam muito na hora de decidir valor de pretensão salarial. Quando os benefícios estão competitivos a empresa ganha pontos como empregador e se torna objeto de desejo dos profissionais. Empresas como Google, que tem política extremamente aberta e maleável, e mesmo assim mantêm alto rendimento profissional, são umas das mais cobiçadas pelos profissionais de tecnologia.
Alguns desses benefícios, como vale estacionamento, podem não ser tão importantes para o candidato quanto bônus por desempenho ou participação nos resultados por exemplo.
É compreensível que as empresas estabeleçam tetos salariais para evitarem gastos excessivos com profissionais, especialmente em um país onde os impostos e contribuições empregatícias variam em até 80% do salário nominal. No entanto as empresas, exceto aquelas já estabelecidas, preferem contratar profissionais no regime de Prestador de Serviços para baixar seus custos de “overhead”, mas mantém o valor de salário o mais baixo possível.
Portanto, o que falta no Brasil é a maleabilidade de negociação, tanto nos benefícios, quanto no salário efetivamente. Em países mais desenvolvidos, em uma primeira entrevista raramente se menciona valores de salário.
Fazendo uma comparação básica: Ninguém começa um relacionamento, seja de negócios ou romântico, perguntando quanto o outro indíviduo ganha e quanto ele quer para que o relacionamento dê certo.
Em empresas maduras, apesar de sempre trabalhar com base na média salarial, oferecem o salário de acordo com o profissional, e somente após avaliação do mesmo. Ou seja, o salário base sempre é o de mercado, mas quando um profissional de qualidade superior aparece, o salário oferecido a esse profissional sempre é superior, pois a empresa vê o benefício de contratar um profissional acima do mercado, e não qualquer um que aceite o valor previamente estabelecido.
Assim, o profissional se sente valorizado, e a empresa automaticamente ganha a lealdade do profissional, por este saber que está sendo recompensado de acordo com suas qualidades, e não pelo molde de mercado.
Somente quando as empresas mudarem seu pragma empregatício é que o Brasil verá real desenvolvimento e crescimento técnico.